Mestre Pastinha descende de pai espanhol e mãe baiana, foi batizado em 1889 com o nome de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha, na cidade de Salvador-Ba. Conta-se que o princípio de sua vida na roda de capoeiragem aconteceu quando tinha 8 anos , sendo seu mestre o africano Benedito, o que ao vê-lo apanhar de um garoto mais velho, resolveu ensinar-lhe as mandingas, negaças, golpes,guardas e malícias da Angola. O resultado veio logo aparecer , Pastinha nunca mais fora importunado por ninguém.
Mestre Pastinha serviu na Marinha de Guerra do Brasil, onde permaneceu por um período de 8 anos .Mestre Pastinha de tudo fez um pouco,trabalhou como pedreiro, pintor, entregava jornais, tomou conta de casa de jogo; no entanto, o que mais gostava de fazer era ensinar "a grande arte ".Pastinha conhecia a capoeira , sabia como era importante continuar aquela cultura, aconselhava que era preciso ter calma no jogo "quando mais calma melhor pró capoerista", e que a capoeira "ela é o pai e mãe de todas as lutas do Brasil. Sabia muito bem os fundamentos e os segredos existentes na capoeiragem, cantava, tocava os instrumentos e ensinava como um verdadeiro mestre deve fazer. Pastinha foi nas rodas de capoeira um autêntico mestre, um bamba na luta.
Saindo da Marinha em 1910, inicia sua fase de prof. de capoeira ,seu primeiro aluno foi Raimundo Aberê, este se tornou um exímio capoeirista, conhecido em toda Bahia .Segundo Mestre Pastinha , sua primeira academia ficava localizada no Largo do Cruzeiro do São Francisco, na rua do meio do terreiro. Pastinha dizia: "Acapoeira tem muitas coisas.Primeira parte; a capoeira tem seu dicionário; segunda parte: tem seu dicionário; terceira parte : tem seu dicionário e quarta parte ; tem seu dicionário ". Ensinava que quando alguém fosse falar sobre a capoeira dissesse somente o que sabia, "não vá dizer que a capoeira é o que ela não é , nem vá contar o que não viu ninguém falar , então, não vá contar aquilo que não pode contar. Não é todo mundo que vá abrir a boca e dizer eu conheco a capoeira, a capoeira é isso.Nem todos mentais, nem todos sujeitos pode abrir a boca para cantar o que é capoeira não."
Mestre Pastinha era uma pessoa bem humorada, descontraída, bastante receptivo , rico em conhecimento, seu saber transcendia as rodas de capoeira. Era uma pessoa do mundo ideal, camarada amigo, pai e irmão dos discípulos.Viveu intensamente seus longos anos dedicados à capoeira de Angola, classificou-se na história da maladragem, da malícia, como ás. Manteve em sua academia de Angola, a originalidade da eficiência da luta em momento algum fora perdido na academia de Pastinha. Ele contribuiu categoricamente com o seu talento e dedicação à capoeira para que a sociedade baiana e brasileira percebessem a capoeiragem como uma luta-arte imbatível, guerreira, que está além dos paupérrimos preconceitos que há na sociedade.
Vicente Pastinha, foi filmado ,fotografado , entrevistado , gravou disco e deixou um livro , a capoeira nunca mais poderá esquecer este ás , o guardião da capoeira d'Angola. Foi lá na casa 19, no largo do Pelourinho, que funcionava a sua academia , o Centro Esportivo de Capoeira Angola fundada em 1941.Milhares de pessoas estiveram na academia, ficavam impressionadas com as cantorias, com o som dos berimbaus , pandeiros e agogôs e principalmente , com os jogos que lá rolavam . Por fim , foi feita uma reforma no sobrado, disseram ao mestre que ele não tinha com o que se preocupar, após terminadas as obras, ele voltaria para lá , seu lar, sua academia. Nunca mais se ouviu a voz de Pastinha dentro do sobrado, o povo não mais assistiu a uma maravilhosa roda de capoeira de Angola naquele velho sobrado.O Mestre Pastinha não voltou , morreu na escuridão de um quarto decadente no bairro Pelourinho em Salvador.
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Manuel dos Reis Machado nasceu no dia 23 de novembro de 1900, no bairro Engenho Velho, Freguesia de Brotas, Salvador, Bahia.
O apelido ele ganhou logo ao nascer de uma aposta feita entre sua me, Maria Martinha do Bonfim e a parteira que o aparou.
Seu pai, Lus Cndido Machado, era conhecido como um grande batuqueiro, campeo de batuque.
Iniciou-se na capoeira aos 12 anos de idade, seu mestre foi o africano Bentinho, capito da Companhia de Navegao Baiana.
Aos 18 anos comea a dar aulas no bairro onde nasceu. Como ele mesmo dizia:
Em 1918 no havia escola de capoeira, havia sim rodas de capoeira, nas esquinas, nos armazns e no meio do mato.
Em 1928 achando que a capoeira que ele praticava e ensinava era pouco competitiva, e que deixava a desejar em termos de luta, juntou golpes de batuque capoeira de angola e criou a capoeira regional.
Fiz a capoeira regional. Enquanto estudava e praticava a de angola fui inventando e aperfeioando novos golpes.
Em 1928 eu criei, completa, a regional que o batuque misturado com a angola, com mais golpes, uma verdadeira luta, boa para o corpo e para a mente.
A capoeira regional criada por Mestre Bimba foi motivo de muita polmica entre os outros capoeiristas que no concordavam com sua radical mudana. Por outro lado, os jornais e revistas da poca no cansavam de noticiar suas proezas. A fama de Bimba e da capoeira regional se propaga pelo Brasil.
Em 1932, fundou sua primeira academia especializada com o nome de Centro de Cultura Fsica e Regional. Cinco anos depois, em 1937, era reconhecida e registrada oficialmente pelo governo. Em 1939, Bimba ensina capoeira regional no quartel do CPOR. Instalou sua segunda academia em 1942.
Bimba leva a capoeira em exibies por todo o pas e em 23 de julho de 1953 apresenta-se para o ento presidente Getlio Vargas, no palcio da Aclamao em Salvador. Ao apertar-lhe a mo o Presidente disse:
A capoeira o nico esporte verdadeiramente nacional.
Foi depois desta apresentao que Getlio Vargas liberou as manifestaes populares at ento perseguidas e, com isso, beneficiou a capoeira que deixou de ser proibida pela polcia.
Casado e pai de 10 filhos, Bimba enfrentava problemas financeiros. Assim, acreditando em promessas de maior reconhecimento e de uma vida melhor, Mestre Bimba deixa Salvador e parte para Goinia.
Porm sua vida em Goinia no foi como lhe haviam prometido. Um ano depois de deixar a Bahia, no dia 05 de fevereiro de 1974, morre Mestre Bimba.
O homem que elevou a capoeira de status, que a tirou de baixo do p do boi, como gostava de dizer, e a introduziu nos meios universitrios e sociais de Salvador, que foi citado em enciclopdias e filmado por turistas do mundo todo.
Sepultado em Goinia, seus restos mortais foram transladados para Salvador em 20 de julho de 1978.
Bimba se foi mas deixou sua majestosa, inigualvel obra, a qual, como ele, tornaram-se imortais, deixando sua filosofia e sua fora de fazer uma capoeira forte e insupervel, uma capoeira autntica, digna de ser chamada Capoeira Regional, a arte marcial brasileira.
Algumas criaes de Mestre Bimba:
Criou a capoeira regional, na poca consistia de 52 golpes.
Criou um mtodo de ensino, a chamada seqncia de Bimba que consiste em 8 seqncias de ataque e defesa para serem executados na roda.
Criou a seqncia de cintura desprezada, que uma srie de bales cinturados, que os alunos s podiam jogar depois de formados, ao toque de iuna.
Criou o batizado de capoeira, um ritual onde o aluno iniciado na capoeira recebendo um apelido e sua primeira graduao.
Criou a gradução na capoeira, que consistia em 4 lenos de esguio de seda:
1 lenço cor azul aluno formado
2 lenço cor vermelho aluno formado e especializado
3 lenço cor amarelo curso de armas
4 lenço cor branco mestre de capoeira
Seqüências e Balões:
... ensina... a saltar ante a ameaça duma projeção... a cair com segurança e
elegância...
---evidencia a interdependência dos jogadores...
... sem a qual não se joga, nem aprende a capoeira!
deve ser executada no início de cada treino...
... com pele ainda seca... camisa de malha de algodão...
... em piso firme... não escorregadio.
...nas primeiras sessões o calouro deve praticar com o mestre...
... o contra-mestre... ou um formado confiável...
... para evitar acidentes.
nas sessões subseqüentes... um veterano mais hábil
poderá colaborar neste exercício.
compõe-se dos seguintes movimentos:
cintura desprezada, balão cinturado, balão de lado e balão em pé. CINTURA DESPREZADA
O calouro dá um aú bem espichado... em direção ao contra-mestre...
... o qual avança, agachado, de modo a receber e equilibrar sobre um dos
ombros
a sua cintura durante um instante...
... a seguir o contra-mestre levanta-se... segurando a cintura do calouro
com o braço
e o lança... cuidadosamente... para o alto, de modo a que venha a cair em
pé...
... sem fazer ruído... como gato preto em telhado de zinco!
... diria Erico Verissimo se jogasse capoeira...
BALÃO CINTURADO, BALÃO DE LADO E BALÃO EM PÉ
1ª. Parte - Balão cinturado:
o contra-mestre pede um arpão de cabeça...
e o calouro simula aplicar uma boca-de-calça...
à aproximação do calouro... o contra-mestre se abaixa,
abraça o calouro pela cintura, o levanta do solo eo projeta para trás...
... por cima dos ombros, de modo que caia...
suavemente, em pé...
2ª. Parte - Balão de lado:
... enquanto o calouro completa o percurso aéreo,
o contra-mestre se desloca para a frente do mesmo,
ficando de costas, com os joelhos em ligeira flexão...
... e levemente inclinado por diante deste...
... e simultaneamente aplica um colar de força alto no calouro...
e o projeta para diante num giro sobre o seu (do contra-mestre) quadril,
pela inclinação e rotação do tronco para diante...
... enquanto estende os joelhos...
... durante a projeção, o atacante deve
apoiar o pescoço do parceiro para evitar acidentes,
queda de costas ou de cabeça! 3ª. Parte - Balão em pé:
novamente, o contra-mestre passa à frente do calouro,
joelhos em semiflexão, aplica uma gravata cinturada alta,
e o projeta para a frente, pela inclinação do tronco para diante
e extensão das pernas...
durante a projeção o atacante deve apoiar o pescoço do parceiro,
para evitar acidentes, queda de costas ou de cabeça!
... o calouro deve tocar o solo com a ponta dos pés,
joelhos em flexão discreta, coluna relaxada e
levemente fletida para diante...
... jamais com os calcanhares,
nem com os joelhos e coluna enrijecidos!
Mandamentos da Capoeira:
Mestre Bimba escreveu estes Mandamentos, afixados em uma das paredes de sua academia, e os reco.
Respeitar o mestre e guardar disciplina durante os treinos.
.Manter vigilância permanente em todo o ambiente. .Não perder de vista os movimentos do parceiro. .Manter a calma em todas as situações. .Cuidar da segurança dos companheiros de treino.
.Zelar pela higiene do ambiente de treino.
.Não usar os conhecimentos adquiridos em brincadeiras ou agressões de rua.
mendava a todos os alunos e capoeiristas em geral:
1 - Deixe de fumar. É proibido fumar durante os treinos.
2 - Deixe de beber. O uso do álcool prejudica o metabolismo muscular.
3 - Evite demonstrar aos seus amigos de fora da roda da capoeira os seus progressos. Lembre-se que a surpresa é a melhor arma de uma luta.
4 - Evite conversa durante o treino. Você está pagando pelo tempo que passa na academia e observando os outros lutadores, aprenderá mais.
5 - Procure gingar sempre.
6 - Pratique diariamente os exercícios fundamentais.
7 - Não tenha medo de se aproximar do oponente; quanto mais próximo se mantiver, melhor aprenderá.
8 - Conserve sempre o corpo relaxado.
9 - É melhor apanhar na "roda" que na rua.
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*****Biografia de Zumbi dos*****
No século XVII, quando se verificaram as invasões holandesas, aproveitando-se da confusão que se estabelecera, milhares de escravos começaram a fugir de seus senhores, agrupando-se nas faldas do Oiteiro do Barriga, no atual Estado de Alagoas. Em pouco tempo, o número de fugitivos (em sua maioria negros angolas), atingia 20.000. Construíram então, uma república conhecida pelo nome de Quilombo de Palmares (denominavam-se "quilombos" as barracas ou antros construídos às pressas, quase sempre com folhas de palmeiras, enquanto "palmares" eram regiões em que as palmeiras abundavam) e, por ser de todos o mais forte, valente, ágil, e com certa cultura, Zumbi foi escolhido como o chefe desta república. (A palavra Zumbi significa "Deus negro de alma branca")
A história daquele que seria o Zumbi começa quando Brás da Rocha ataca Palmares, no ano de 1655, levando um recém-nascido, entre os adultos capturados. A criança foi entregue ao chefe da coluna atacante, que por sua vez resolveu fazer um presente ao padre Melo, cura de Porto Calvo. O religioso decidiu chamá-lo Francisco.
A grande batalha do chefe guerreiro Zumbi, zelando dia e noite pela segurança do seu povo e lutando para que não fosse extinto o ideal de se formarem comunidades onde conviviam negros, índios e brancos, começou ao completar quinze anos, em 1670. Nesse ano Francisco fugiu do padre Melo, em busca da liberdade.
Ao retornar a Palmares, Francisco, com seus quinze anos, passou a ser Zumbi.
Os negros faziam incursões às fazendas e povoados próximos, onde cometiam depredações, vingando-se não raro das afrontas e maus tratos de seus antigos senhores. Defendendo-se com armas primitivas, empenhando-se em lutas corpo à corpo, os negros do Quilombo do Palmares derrotaram sucessivamente 24 expedições chefiadas pelos capitães-do-mato.
Esses capitães-do-mato recebiam ordens para capturar o maior número possível de escravos, vivos, sem inutiliza-los para o trabalho forçado, havendo portanto, o cuidado de não mutila-los ou não lhes produzir lesões graves. Nesta luta corpo à corpo, o escravo se mostrava superior, graças a sua extraordinária agilidade.
Para não se deixar apanhar vivo, segundo o testemunho dos componentes das escoltas, o negro, refugiando-se nas capoeiras, defendia-se com um estranho jogo de braços, pernas, tronco e cabeça. Não rara era a debandada dos soldados que pretendiam agarra-los.
Em 1687, sendo Souto Maior o governador de Pernambuco, designou o sertanejo paulista Domingos Jorge Velho (mestre de campo de um regimento estacionado no sertão do Piauí) para exterminar o Quilombo dos Palmares. O sertanejo exigiu como prêmio as terras conquistadas e os escravos que aprisionasse. O acordo com os paulistas foi ratificado em 3 de dezembro de 1691.
Domingo Jorge Velho, comandando cerca de 3.000 homens bem armados e equipados (inclusive com 2 canhões), dirigiu-se para o Oiteiro do Barriga, onde iniciou os primeiros combates com os negros escravos. Os soldados tinham recebido ordens de capturar os negros vivos, mas era quase impossível.
Os negros resistiram até 6 de fevereiro de 1694,quando Domingo Jorge Velho logrou êxito. Conseguiu conquistar terras, mas aprisionou um número muito reduzido de escravos. Segundo o historiador Fernandes Pinheiro, Zumbi se atirou do alto de um rochedo. Outros historiadores classificam essa versão como uma lenda, asseverando que o chefe dos Palmares foi atraiçoado, tendo sua cabeça exposta em praça pública, conforme comprova carta do governador de Pernambuco Caetano de Melo e Castro, dirigida ao Rei de Portugal em 1696. Mas a lenda foi mais forte, os negros nela acreditaram e o mito penetrou na história, contando que Zumbi morreu lutando e atirou-se de um penhasco para não ser capturado. Para os negros escravos da época, ele voltaria do fundo do penhasco para liberta-los.
Além disso, Palmares ficou como ponto de referência de uma gente espalhada por todas as partes deste país, simbolizando uma luta secular de libertação. Luta de um povo que se identifica não somente pela pigmentação da pele, mas pela mesma herança cultural. Palmares está viva como ponto de partida para chegarmos a uma sociedade livre.
Desde a época da campanha dos escravistas contra o quilombo de Palmares ficou o registro do termo capoeira, dos guerreiros das capoeiras e sua estranha forma de luta, que tornava homens desarmados capazes de enfrentar e vencer vários adversários.
A coluna que matou Zumbi era chefiada pelo capitão paulista André Furtado de Mendonça.
No Império Homens se celebrizaram, valendo-se de suas autoridades na perseguição à capoeira, como foi o caso de Miguel Nunes Vidigal, nomeado em 1821 para a Guarda Real de Polícia. Capoeira exímio que era tornou-se o terror de seus companheiros, aplicando-lhes uma série de torturas, que tinham por alcunha a ceia dos camarões.
Foi no Rio de Janeiro que o capoeira encontrou seu maior campo de ação entre os políticos que se formaram pró ou contra a proclamação da República. Os grupos de capoeiristas, eram contratados para atuarem em comícios, concentrações e passeatas, que terminavam sempre em pancadaria, com pedras de ambos os lados. Na República Foi sem dúvida o período áureo da capoeira, os dias que assinalaram o fim do Império e os primeiros dias da República.
Mais graves não poderiam ser os acontecimentos. No Recife, qualquer aparição pública de uma banda de música militar ou particular era pretexto para que se juntassem grandes grupos de capoeiristas, que as seguiam sempre procurando desordem e ameaças.
Na Bahia, reuniam-se eles, com ou sem motivos, nas festas religiosas ou públicas, em praças ou mercados, sem outro fim que o de perturbar o ambiente.
Vieram os primeiros dias da República e a repressão a este intolerável estado de coisas. Em 11 de outubro de 1890, o Decreto no.847 do Código Penal Brasileiro, tratou especificamente, de vadios e capoeiras, com rígidas medidas punitivas, sendo visados não só seus praticantes, mas, principalmente os cabeças de grupos ou maltas, cujas penas podiam ir de prisão celular de dois a seis meses ou, mesmo até, ao degredo para a distante ilha de Fernando de Noronha.
Criou-se uma colônia correcional - a Fazenda de Boa Vista, na Paraíba do Sul/RJ - que congregaria vadios, vagabundos e capoeiras.
Mas, como sempre, com as leis vieram também os abusos, incorretas aplicações delas, perseguições injustas e verdadeiros massacres, com ou sem causas devidas.
No tempo do Marechal Deodoro, o Conde de Matozinho tinha um filho chamado José Elísio Reis, capoeirista, emérito fechador de botequins, que foi preso por Sampaio Ferraz, então chefe da polícia.
Preso "Juca Reis", o Conde de Matozinho recorreu ao seu amigo, o Ministro Quintino Bocayuva, para que soltassem seu filho. Quintino foi a Deodoro e este, ao chefe da polícia, cuja reação foi imediata: "Não solto, porque se não fico desmoralizado." Sampaio manteve forte atitude. Diante do dilema, Quintino Bocayuva colocou a questão nos seguintes termos: Ou Juca Reis seria solto, o que implicava a exoneração do Chefe da Polícia, ou ele se retirava do governo.
Apesar disso, a decisão foi mantida e "Juca Reis", com todos seus títulos e prerrogativas, foi mandado para Fernando de Noronha e Quintino Bocayuva permaneceu no ministério.
Em 1907, foi publicado "O Guia da Capoeira ou Ginástica Brasileira", cujo autor colocou apenas O.D.C. à distinta mocidade (Ofereço, Dedico e Consagro). Segundo Agenor Corrêa (Mestre Sinhozinho), tratava-se de um oficial do exército, que julgou prudente não revelar o nome pelos preconceitos existentes contra a capoeiragem. O folheto era dividido em 5 partes, que tratam respectivamente dos seguintes assuntos:
Posições Negaças Pancadas Simples Defesas Relativas Pancadas Afiançadas
Em 1928, Annibal Burlamaqui publica a obra chamada Ginástica Nacional (Capoeiragem) Metodizada e Regrada, que pode ser considerada o melhor trabalho no gênero. Nesta obra, Annibal Burlamaqui demonstra grande preocupação em fazer ressurgir a capoeiragem e se bate para que ela seja considerada um método nacional de ginástica; estabelece regras para o jogo desportivo de capoeiragem e apresenta, devidamente ilustrados, os principais golpes e contragolpes de que se valem esta luta.
No Rio de Janeiro é que a capoeira foi mais praticada do que em qualquer outra parte do território nacional. Capoeirista, foi desde a nobreza com o Barão do Rio Branco, dentre outros, até o negro escravo. Melo Morais, que viveu na época dos grandes capoeiras, se refere a Mamede, Chico Carne-Seca, Bentivi, entre outros, sendo Manduca da Praia o mais famoso.
Sobre esse capoeira, a quem conheceu pessoalmente, diz Melo Morais - "Conhecido por toda população fluminense, considerado como homem de negócio, temido como capoeira célebre, eleitor crônico da freguesia de São José, apenas respondeu a 27 processos por ferimentos leves e graves, saindo absolvido em todos eles pela sua influência pessoal e do seus amigos". Foi o negro capoeirista conhecido por Macaco Velho (Francisco da Silva "Cyríaco"), nascido em Campos/RJ e falecido no Rio de Janeiro a 19 de maio de 1912, que na primeira semana de 1909 no Concerto Avenida (Rio de Janeiro), batendo-se com o campeão japonês de jiu-jitsu, Sado Miako, venceu aplicando-lhe um único e fulminante "rabo de arraia".
Segundo a ata do combate, da Confederação Brasileira de Pugilismo, enquanto o japonês se dirigia aos quatro lados, fazendo a costumeira saudação oriental, Cyríaco foi mastigando a língua para melhor salivar e quando o juiz deu o sinal de combate, o capoeira soltou uma volumosa cusparada, que mais parecia um jato, no rosto do japonês, cegando-o momentaneamente e, de imediato, aplicou-lhe um violentíssimo "rabo de arraia", derrubando-o desacordado no solo. A luta durou pouquíssimos segundos, para o delírio da multidão.
"Cheguei em frente com ele, dei as minha continença e fiz a premera ginga, calculei a artura do negrinho, à meiada da perna, isquei com a mão p'rá espantá tico-tico, o camarada tremeu, eu disse: antão? Como é? Ou tu leva o 41 dobrado ou tu tá ruim comigo, pruque eu imbolá, eu não imbolo. O japonês tremeu, risquei com ele por baixo, dei o passo de limpeza gerá, o negrinho atuduou, mexeu, mas não caiu..."
"A rapaziada aí gritaro: Aí Cyríaco! Entra com o teu jogo intero!...Eu me queimei e já sabe! Tampei premero, distorci a esquerda, virei a pantana, óia o hôme p'rô relógio de repetição, mas o gringo se acomentou com a chamada e se deu por satisfeito." "Meus sinhô, isto que tá aqui é a vredade pura, pura... figi assim, tal e quá, Qui eu disse pro japonês! Entra bruto! Fui ansim, sem tirá, nem pô, qui eu li mandei-le o rabo de arraia no frontispício da philosostria!"
Na Bahia, na década de 1930, Manoel dos Reis Machado, conhecido por Mestre Bimba, famoso capoeirista de sua época, resolve metodizar e aperfeiçoar a capoeira d'angola, criando a "Luta Regional Baiana", que abrangia 52 golpes, dos quais 22 eram mortais. No Rio de Janeiro sinhozinho ensina capoeira sem a parte musical.
Em 1932 é fundado o Centro de Cultura Física e Capoeira Regional (de Mestre Bimba), a primeira academia de capoeira a obter registro oficial, através do certificado expedido pelo Secretário de Saúde e Assistência Pública, assinado a 9 de julho de 1937, pelo Inspetor Técnico Dr. Clemente Guimarães. Outros grupos seguiram o exemplo, como o de Gengibirra, sob a direção de Livino Diogo e Daniel Coutinho.
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Manoel Henrique (1897-1924), Besouro Mangangá ou Besouro Cordão de Ouro foi um lendário capoeirista da região de Santo Amaro, Bahia. Muitos e grandiosos feitos lhe são atribuidos. Diziam que tinha o "corpo fechado", que balas e punhais não podiam feri-lo. Porém, mesmo as circunstâncias da sua morte são contraditorias. Há versões de que foi num confronto com a polícia, e outras que foi na "trairagem", num ataque de faca pelas costas.
A palavra capoeirista assombrava homens e mulheres, mas o velho escravo Tio Alípio nutria grande admiração pelo filho de João Grosso e Maria Haifa. Era o menino Manuel Henrique que, desde cedo aprendeu, com o Mestre Alípio, os segredos da Capoeira na Rua do Trapiche de Baixo, em Santo Amaro da Purificação, sendo batizado como Besouro Mangangá por causa da sua flexibilidade e facilidade de desaparecer quando a hora era para tal.
Negro forte e de espírito aventureiro, nunca trabalhou em lugar fixo nem teve profissão definida.
Quando os adversários eram muitos e a vantagem da briga pendia para o outro lado, "Besouro" sempre dava um jeito, desaparecia. A crença de que tinha poderes sobrenaturais veio logo, confirmando o motivo de ter ele sempre que carregar um "patuá". De trem, a cavalo ou a pé, embrenhando-se no matagal, Besouro, dependendo das circunstâncias, saia de Santo Amaro para Maracangalha, ou vice-versa, trabalhando em usinas ou fazendas. Certa feita, quem conta é o seu primo e aluno Cobrinha Verde, sem trabalho, foi a Usina Colônia (hoje Santa Eliza) em Santo Amaro, conseguindo colocação. Uma semana depois, no dia do pagamento, o patrão, como fazia com os outros empregados, disse-lhe que o salário havia "quebrado" para São Caetano. Isto é: não pagaria coisa alguma. Quem se atrevesse a contestas era surrado e amarrado num tronco durante 24 horas. Besouro, entretanto, esperou que o empregador lhe chamasse e quando o homem repetiu a célebre frase, foi segurado pelo cavanhaque e forçado a pagar, depois de tremenda surra.
Misto de vingador e desordeiro, Besouro não gostava de policiais e sempre se envolvia em complicações com os milicianos e não era raro tomava-lhes as armas, conduzindo-os até o quartel. Certa feita obrigou um soldado a beber grande quantidade de cachaça. O fato registrou-se no Largo de Santa Cruz, um dos principais de Santo Amaro. O militar dirigiu-se posteriormente à caserna, comunicando o ocorrido ao comandante do destacamento, Cabo José Costa, que incontinente designou 10 praças para conduzir o homem preso morto ou vivo. Pressentindo a aproximação dos policiais, Besouro recuou do bar e, encostando-se na cruz existento no largo, abriu os braços e disse que não se entregava. Ouviu-se violenta fuzilaria, ficando ele estendido no chão. O cabo José chegou-se e afirmou que o capoeirista estava morto. Besouro então ergueu-se, mandou que o comandante levantasse as mãos, ordenou que todos os soldados fossem e cantou os seguintes versos: Lá atiraram na cruz/ eu de mim não sei/ se acaso fui eu mesmo/ ela mesmo me perdoe/ Besouro caiu no chão fez que estava deitado/ A plícia/ ele atirou no soldado/ vão brigar com caranguejos/ que é bicho que não tem sangue/ Polícia se briga/ vamos prá dentro do mangue.
As brigas eram sucessivas e por muitas vezes Besouro tomou partido dos fracos contra os propritários de fazendas, engenhos e policiais. Empregando-se na Fazenda do Dr. Zeca, pai de um rapaz conhecido por Memeu, Besouro foi com ele às vias de fato, sendo então marcado para morrer.
Homem influente, o Dr. Zeca mandou pelo próprio Besouro, que na atilde;o sabia ler nem escrever, uma carta para um seu amigo, administrador da Usina Maracangalha, para que liquidasse o portador. O destinatário com rara frieza mandou que Besouro esperasse a resposta no dia seguinte. Pela manhã, logo cedo, foi buscar a resposta, sendo então cercado por cerca de 40 soldados, que incontinente fizeram fogo, sem contudo atingir o alvo. Um homem entretanto, conhecido por Eusébio de Quibaca, quando notou que Besouro tentava afastar-se gingando o corpo, chegou-se sorrateiramente e desferiu-lhe violento golpe com uma faca de ticum.Manuel Henrique, o Besouro Mangangá, morreu jovem, com 27 anos, em 1924, restando ainda dois dos seus alunos Rafael Alves França, Mestre Cobrinha Verde e Siri de Mangue.
Hoje, Besouro é símbolo da Capoeira em todo o território baiano, sobretudo pela sua bravura e lealdade com que sempre comportou com relação aos fracos e perseguidos pelos fazendeiros e policiais.
Várias músicas de capoeira são sobre Besouro como a música de Amâncio (Espirito Santo), Faca de tucum:
Faca de Tucum | matou Besouro Mangangá | Coro -- Diz à história que mataram seu Besouro foi la na Bahia, Santo Amaro em Salvador morreu deitado dentro de rede de corda de nada valeu mandinga da tradição não se salvou.
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Nome: Washington Bruno da Silva
Pais: Brasil
Cidade: Salvador, Bahia
Nascimento: 25-09-1925
Washington Bruno da Silva – Mestre Canjiquinha, nasceu a 25 de setembro de 1925, em Salvador. Discípulo do Mestre Raimundo Aberre, natural de Santo Amaro da Purificação, Canjiquinha foi um dos capoeiras que mais visibilidade deu a sua arte, viajando por todo o Brasil em exibições e também atuando em muitos filmes entre ao quais, Barlavento (Glauber Rocha) e O pagador de Promessas (Anselmo Duarte).
A partir dos anos 60, quando a capoeira se tornou mais conhecida e divulgada no Brasil, a figura do Mestre Canjiquinha ganhou maior relevo. Sua academia tornou-se uma das principais agências de formação de novos capoeiristas com Mestre Paulo Dos Anjos, Geni, Lua – que se tornaram mestres de outros e contribuídores para a expansão da capoeira em outros paises. São os responsáveis pela continuidade da herança de Canjiquinha. A este a capoeira deve uma serie de invenções sendo as mais conhecidas aquelas que ele introduziu nos toques e jogos : Muzenza, Samango, Samba de Angola.
“Canjiquinha é um capoeira jovem e ágil, fazendo com que se destaque entre os seus companheiros, porém o seu maior destaque é no canto e no toque. Canta como bem poucos e com um repertório vastíssimo, inclusive com uma grande facilidade de improvisar e de todos é quem mais tem contribuído para a adaptação de outros cânticos do folclore, à capoeira”
“A Capoeira é alegria, é encanto, é segredo”
Washington Bruno da Silva, nasceu em Salvador (BA), filho de D. Amália Maria da Conceição. Aprendeu Capoeira com Antônio Raimundo – o legendário Mestre Aberrê. Iniciou-se na Capoeira em 1935, na Baixa do Tubo, no Matatu Pequeno. “No banheiro do finado Otaviano” (um banheiro público). Filho de lavadeira, Mestre Canjiquinha foi sapateiro, entregador de marmita, mecanógrafo. Dentre outras atividades foi também jogador de futebol (goleiro) do Ypiranga Esporte Clube, além de cantor de boleros nas noites soteropolitanas.
Foi um visionário da capoeira, dizia sempre aos seus alunos” A capoeira não tem credo, não tem cor, não tem bandeira, ela é do povo, vai correr o mundo”. Tinha uma característica toda própria de tocar o berimbau, instrumento que segurava com a mão direita e tocava com a vaqueta na mão esquerda, mantendo o berimbau a altura do peito. Canjiquinha na sua ascensão, mesmo não tendo sido aluno do Mestre Pastinha foi Contra Mestre na academia deste. Ao sair fundou, já como Mestre, a sua própria academia. ASS. De capoeira Canjiquinha e seus amigos, fundada em 22/05/52, por onde passaram grandes capoeiras, alguns dos quais hoje renomados Mestres: Manoel Pé de Bode, Antonio Diabo, Foca, Roberto Grande, Roberto Veneno, Roberto Macaco, Burro Inchado, Cristo Seco, Garrafão, Sibe, Alberto, Paulo Dedinho (conhecido hoje como Mestre Paulo Dos Anjos), Madame Geni (conhecido hoje como Geni Capoeira), Olhando Pra Lua (conhecido hoje como Lua Rasta), Brasília, Sapo, Peixinho Mine-saia, Papagaio, Satubinha, Vitos Careca, Cabeleira, Língua de Teiú, Urso, Bola de Sal, Boemia Tropical, Salta Moita, Melhoral, Lucidío, Bico de Bule, Bando, Dodô, Salomé, Mercedes, Palio, Cigana, Urubu de Botina, entre outros. Canjiquinha na sua academia jamais formou alunos, seguia a seguinte graduação: Aluno, Profissional, Contra Mestre, Mestre.
Participou também dos filmes “O Pagador de Promessas”, “Operação Tumulto”, “Capitães de areia”, “Barra Vento”, “Senhor dos Navegantes” e “A moça Daquela Hora”. Além de fotonovelas com Sílvio César e Leni Lyra. Fundou o Conjunto Folclórico Aberrê.
Download livro: Alegria da capoeirahttp://www.portalcapoeira.com/Downloads-da-Capoeira/View-document-details/Canjiquinha-A-alegria-da-capoeira
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Nome: Waldemar Rodrigues da Paixão
Pais: Brasil
Cidade: Salvador
Nascimento: 22-02-1916
Origen: Mestre Ricardo de Cais do Porto, Talabi, Siri de Mangue, Canário Pardo
Mestre Waldemar, Waldemar Rodrigues da Paixão, mestre de capoeira baiano (Ilha de Maré, Bahia 1916 – Salvador, Bahia 1990) também conhecido como Waldemar da Liberdade ou Waldemar do Pero Vaz, dos nomes do bairro e da rua onde implantou sua capoeira.
A fama de Waldemar como capoeirista e mestre de capoeira aparece nos anos 1940. Ele implanta um barracão na invasão do Corta-Braço, futuro bairro da Liberdade, onde joga-se capoeira todos os domingos, também ensinando na Rampa do Mercado na Cidade Baixa. Fica conhecida a diversidade dos jogos que ele pratica, dos mais lentos aos mais combativos, com afirmada preferencia para os primeiros.
Durante os anos 50, a capoeira dele na Liberdade atrai acadêmicos, artistas e jornalistas. Os etnólogos Anthony Leeds em 1950 e Simone Dreyfus em 1955 gravam o som dos berimbaus. O esculpidor Mário Cravo e o pintor Carybé, também capoeiristas, freqüentam o barracão. Mais tarde, a maior parte dos capoeiristas de nome afirmam ter ido na capoeira de Waldemar, na de Mestre Cobrinha Verde no bairro de Nordeste de Amaralina et na de Mestre Bimba.
De acordo com Albano Marinho de Oliveira (1956), o grupo da Liberdade começou a cantar demorados solos antes do jogo (hoje chamados ladainhas). O próprio Waldemar revindicou, em depoimento a Kay Shaffer, ter inventado de pintar o berimbau. A fabricação e venda para os turistas de berimbau foi uma fonte de renda para mestre Waldemar.
Waldemar, como bom capoeirista, andou na sombra. Ficou discreto sobre suas atividades e breve em sua fala. Mal existem fotos dele antes de velho. Não procurou a fama e, apesar de seu notado talento de cantor e de tocador de berimbau, não integrou muito o mercado de espetáculo turístico. Também, a música que se escuta nas gravações de 1950 e 1955 é coletiva, sempre tendo, ao menos, um dialogo de dois berimbaus. Assim, Jorge Amado menciona Mestre Traíra, também da Liberdade, como assíduo visitante de Waldemar.
Velho e impossibilitado de jogar capoeira e de tocar berimbau pela doença de Parkinson, Waldemar ainda aproveitou um pouco do movimento de resgate das tradições dos anos 1980, cantando em diversas ocasiões e gravando CD com Mestre Canjiquinha.
Mestre Waldemar (1916 – 1990)
Mestre Waldemar Da Paixão, da Liberdade, da Avenida Peixe, capoeirista conhecido pelos seus berimbaus coloridos e por sua voz inconfundível. Iniciou na capoeira com 20 anos de idade, em 1936, foi aluno de Canário Pardo, Periperi, Talabi, Siri de Mangue e Ricardo de Ilha de Maré. Começou a ensinar capoeira em 1940, na Estrada da Liberdade, no inicio era ao ar livre e depois passou para um barracão de palha que ele mesmo construiu. O local virou ponto de encontro dos capoeiristas baianos, e aos poucos a roda de mestre Waldemar foi se tornando muito famosa e todos os capoeiristas da Bahia iam lá jogar. No livro Bahia: imagens da terra e do povo, publicado em 1964, Odorico Tavares assim descreve uma roda de Waldemar no Domingo a tarde, no Corta Braço, na Estrada das Boiadas, destacando a qualidade do mestre como cantador: “Com os tocadores ao seu lado o mestre levanta a voz, iniciando o canto. Os jogadores, em número de dois, estão de cócoras, à sua frente. É lenta a toada que o mestre canta , como solista e já os capoeiristas acompanham-no em movimentos mais lentos ainda, como cobras que começam a mover-se: olhe o visitante atentamente, como aqueles homens nem ossos tivessem, seus membros parecem que recebem um impulso quase insensível, de dentro para fora.(…) Os homens não se tocam para defesa e ataques que se sucedem em imprevistos de segundos. É um milagres em que a violência de um ataque resulte em outro ataque, em que ninguém se toca, ninguém se fere, ninguém se agride. É combate, é baile que dura horas.”
Mestre Waldemar sempre procurou um bom convívio com todos os capoeiristas recebendo todos em seu barracão com muito respeito e também sendo muito respeitado. O seu reconhecimento com Mestre evitava conflitos provocados pelos chamados ‘valentões’. Sobre esses conflitos Waldemar nos conta: “Barulho eu nunca tive com ninguém, porque eu sempre fui respeitado, nunca ninguém me desafiou. Se me desafiava para jogar, Mestre que aparecia aqui, a minha cabeça resolvia.(…) Me respeitavam muito os meus alunos. E não tinha barulho, porque eu olhava para eles assim.
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Mestre João Grande - NY - USA (1933)
"A capoeira é como o mar, as ondas vão e vem!"
João Oliveira dos Santos, Mestre João Grande, nascido na cidade de Itagí (BA), iniciou-se na Capoeira pelos ensinamentos de Vicente Joaquim Ferreira Pastinha (Mestre Pastinha). Já percorreu vários países da Europa, África e América do Norte - com o Grupo Folclórico "Viva Bahia", coordenado pela professora e folclorista Emília Biancardi - divulgando a sua arte e a obra de seu mestre. Foi condecorado, em 1990, com a Medalha do Mérito Desportivo, uma das mais altas condecorações na área do Esporte do Brasil. Mestre João Grande gravou, também em 1990, pelo Programa Nacional de Capoeira, o seu primeiro disco solo. Hoje, estabelecido em Nova lorque, é considerado um dos Mestres mais importantes da Capoeira Angola.
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***** Mestre João Pequeno *****
"A capoeira é uma coisa que nasce no sangue da gente. Na natureza e no espírito".
João Pereira dos Santos, o Mestre João Pequeno, nasceu na cidade de Araci (BA). Discípulo de Mestre Pastinha, que o apelidou de "Cobra Mansa", teve seu primeiro contato com a Capoeira por intermédio de Barbosa e Juvêncio. Gravou seu primeiro disco solo pelo Programa Nacional de Capoeira em 1990. Hoje é muito prorurado por alunos do Brasil e do exterior como uma das, referências vivas da Capoeira Angola. É o capoeirista mais velho do Brasil vivo.
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***** Mestre Caiçara *****
"Roupa de homem não dá em menino"
Antônio Conceição Moraes, quem já não ouviu falar do famoso Mestre Caiçara da Bahia? Cantador de primeira qualidade, contador de muitos casos e estórias da Capoeira, tem sempre uma boa reza para oferecer aos seus camaradas e por certo, aos não camaradas também. Figura muito conhecida das Festas de Largo de Salvador, Mestre Caiçara sempre está presente em qualquer festejo popular, portanto em sua camisa as cores vermelho e verde, promovendo sempre a sua Academia Angola São Jorge dos irmãos Unidos do Mestre Caiçara, cujo o nome também é o título de seu primeiro disco fonográfico gravado pela AMC, São Paulo, e encontrado ainda nas lojas de disco. Defensor radical das tradições africanas é sempre bom receber em Nagâ, Ketu, Gêge e Angola, suas bençãos e ouvir sua opinião sobre os grandes Capoeiras do passado e suas considerações sobre a Capoeira de hoje. Todas as tardes ele se encontrava no terreiro de Jesus confabulando, vendendo seu peixe e gingando, mas no dia 28 de agosto de 1997, ele nos deixou com sua arte e magia.
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Postado por Instrutor Ninja